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Os riscos de mudar a pisada na corrida

Recentemente, comecei a participar de algumas corridas recreativas. O Crossfit, modalidade que pratico atualmente, exige algumas corridas de rua (sim, sou desses que pagam para correr ao ar livre!), e percebi que precisava melhorar meu desempenho.

Vou ser sincero: não sinto exatamente prazer em correr. O que realmente gosto é daquela sensação quando termino a corrida, algo como: “ufa, consegui!”. Como fisioterapeuta, sempre incentivo meus pacientes a praticarem alguma atividade física. Mas também reforço que é fundamental escolher algo que dê prazer e traga boas emoções. Atividade física e prazer precisam caminhar juntos.

Em uma conversa recente, um paciente me perguntou sobre a maneira correta de pisar durante a corrida. Ele tinha lido que correr pisando primeiro com a ponta dos pés (pisada de antepé) ajudaria a melhorar o desempenho e reduziria o risco de lesões.

Imediatamente respondi com um claro: “Não faça isso!”. Percebendo minha reação mais intensa, achei importante esclarecer melhor esse assunto.

Essa ideia de mudar a pisada surgiu com força entre 2010 e 2015, impulsionada por influenciadores e “gurus” que garantiam benefícios ao adotar essa técnica. Muitas pessoas tentaram fazer a mudança por conta própria, influenciadas por essas promessas.

Na minha clínica, já atendi dezenas de pessoas que adotaram essa mudança. No começo, muitos realmente relatam sentir-se bem e até notam uma melhora inicial. Isso acontece porque nosso cérebro tende a confirmar nossas expectativas positivas (o chamado “viés de confirmação”). Porém, com o passar do tempo, uma grande parte desses corredores acabou desenvolvendo lesões complicadas. A mais frequente é a tendinite no tendão de Aquiles, uma lesão difícil e demorada para tratar. Muitos chegaram a ficar cerca de 3 meses parados para se recuperar. Imagine dizer a um corredor apaixonado: “você terá que ficar 3 meses sem correr”.

Há situações que precisa mudar o tipo de pisada?

Claro que existem casos específicos em que mudar a pisada pode ser indicado, mas é um processo que precisa ser lento, supervisionado e pode levar até 6 meses de adaptação. Além disso, a ciência atual sugere que não há necessidade de mudar a maneira natural de correr, já que cada pessoa tem sua própria biomecânica.

Por fim, continuo firme nos meus 5 km, de um jeito que funciona para mim. E minha sugestão é que você encontre o seu jeito confortável e seguro também. O mais importante é correr bem, respeitando seu corpo e seus limites.

Márcio Roberto Thomé

É Fisioterapeuta e procura de maneira simples, a melhor maneira de compreender e repassar seus conhecimentos sobre dor.

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