
Entre os tipos de dor classificados pelos seus mecanismos, encontramos a dor nociceptiva, que tem origem no processo conhecido como nocicepção.
Uma maneira simples de explicar a nocicepção é pensar no que ocorre quando há um machucado ou uma lesão no corpo. Neurônios especializados em captar sinais de perigo são ativados, enviando esses estímulos ao cérebro. Se o cérebro interpretar esses sinais como dor, chamamos isso de dor nociceptiva.
No entanto, é essencial destacar alguns pontos:
1. Não existem neurônios específicos para a condução da dor. A nocicepção é o processamento de informações vindas da periferia do corpo, transmitidas ao sistema nervoso central, que será responsável pela interpretação dessas informações.
2. A dor não é automática. A interpretação feita pelo cérebro pode resultar em dor — ou não!
Nosso corpo possui receptores especializados que traduzem os estímulos recebidos. Alguns exemplos desses receptores incluem:
Proprioceptores: captam informações relacionadas ao controle motor e equilíbrio.
Mecanoceptores: responsáveis por detectar movimento.
Nociceptores: identificam sinais de perigo.
Receptores térmicos: captam mudanças de temperatura.
Os nociceptores são, portanto, responsáveis por captar estímulos que indicam perigo. O caminho desde o estímulo inicial até uma resposta envolve os seguintes processos:
1. Transdução: o estímulo é convertido em um sinal elétrico.
2. Transmissão: o sinal é enviado pelos nervos ao sistema nervoso central.
3. Percepção: ocorre no nível cortical, com integração de informações em centros superiores.
4. Modulação: a resposta ao estímulo é regulada ou controlada.
Em nenhum desses momentos estamos falando diretamente de dor. A dor é o resultado da interpretação cerebral. A dor é uma resposta!
Por isso, mesmo que você se machuque, se o seu cérebro não interpretar esse sinal como perigoso, não haverá dor. Um exemplo que ajuda a compreender essa relação é o caso das hérnias de disco. Embora a presença de uma hérnia possa gerar alterações mecânicas, o tamanho ou até mesmo a existência da hérnia nem sempre se correlaciona diretamente com a experiência de dor. Isso ocorre porque a dor não depende exclusivamente do dano estrutural, mas também de como o sistema nervoso interpreta e processa os sinais provenientes daquela região. Dessa forma, uma pessoa pode ter uma hérnia significativa sem sentir dor, enquanto outra pode apresentar dor intensa mesmo com alterações mínimas. Ou até mesmo ter dor sem ter hérnia alguma.
Dessa forma, é fundamental diferenciar dor de lesão. O corpo capta sinais e, entre as respostas possíveis, está a dor. Contudo, a dor não é sinônimo de dano; ela é apenas uma expressão da interpretação cerebral.