Máquinas e seres humanos estão trabalhando há algum tempo, como expansão do nosso cérebro. Afinal, quem não tem um amigo que está longe mas conversando todo dia, quem não procura na internet sobre coisas para comprar, bem como sobre sintomas de suas doenças.
Atualmente, devido a quantidade de cuidados de saúde virtuais, assessorias, consultas e até mesmo tratamentos on-line, causou-se um aumento considerável nas mensagens dos pacientes para os profissionais de saúde, e isso por sua vez trouxe maior trabalho e esgotamento em alguns profissionais.
Recentemente, em 28 de abril de 2023, foi publicado no JAMA (https://jamanetwork.com/journals/jamainternalmedicine/fullarticle/2804309) uma investigação original sobre como a INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL poderia ajudar potencialmente a criação de respostas às perguntas dos pacientes. O objetivo do estudo foi AVALIAR A CAPACIDADE DE UM ASSISTENTE CHATBOT (CHATGPT) EM FORNECER RESPOSTAS DE QUALIDADE E COM EMPATIA ÀS PERGUNTAS DOS PACIENTES.
Para isso, 195 perguntas realizadas por pacientes para profissionais de saúde em uma mídia social de saúde (ASKDOCS) onde os profissionais respondem dúvidas sobre saúde. Essas mesmas perguntas, foram replicadas em um Sistema de ChatGPT. Três avaliadores compararam a qualidade das respostas em: muito pobre, pobre, aceitável, boa ou muito boa; e sobre a empatia da resposta em: não empática, ligeiramente empática, moderadamente empática, empática e muito empática. Os resultados médios foram ordenados em uma escala de 1 à 5 e comparados entre os profissionais e o ChatGPT.
Impressionantemente, das 195 perguntas e respostas, os avaliadores preferiram as respostas do ChatGPT em 78,6% das vezes. As respostas dos profissionais foram relativamente mais curtas, com 52 caracteres contra 211 do Chat. As respostas do Chat foram também classificadas como mais empáticas, sendo que dos profissionais foram em 4,5% e do Chat 45,1%, praticamente 10x mais empatia.
Gráfico 01: preferencia das respostas
Gráfico 02: empatia das respostas
Conclui-se, então, que os avaliadores preferiram as respostas do ChatBot numa proporção de 4×1, em comparação às respostas dos profissionais. O que chama a atenção também, foi a qualidade de empatia, sendo o ChatGPT muito mais empático em relação aos profissionais.
Reflexões do Fisio
Lógico que não se pode comparar diretamente as repostas de uma máquina, com respostas de um ser humano. Devemos levar em consideração o tempo necessário para a formulação de uma resposta, que em uma máquina é questão de segundos. Além do mais, máquina não cansa, não é?
O que me chama a atenção disso tudo, é a “capacidade de empatia” da máquina. Para mim, máquina não tem empatia. Ela somente gera respostas. Empatia é inerente da capacidade humana. Então, o que me pergunto é “será que nós, humanos, não nos tornamos direto demais?” O famoso “curto e grosso”!
Em média, estudos sugerem que profissionais interrompem seus pacientes à cada 11 segundos. Eu disse em MÉDIA. E a interrupção não é do estílo “entendo, conte-me mais!” É do estilo “pa-pum!”. Não estou levando em consideração situações de estresse profissional, ou até mesmo síndromes como Burnout. Simplesmente o fato de que os profissionais de saúde não permitem que os pacientes falem. E isso, por sua vez, faz com que qualquer resposta mais elaborada se torne “empática” com o paciente.
Acredito, sim, que devemos utilizar toda ferramenta tecnológica ao nosso favor, para facilitar a vida. Mas também devemos melhorar como humanos. Estamos em uma época em que cogitamos a possibilidade em sermos dominados pelas máquinas, talvez pelo simples fato de não levarmos em conta a inteligência emocional, que nos diferencia como humanos.
Vamos ouvir mais, e falar menos. Vamos ser assertivos nas respostas e termos a tecnologia como amiga, não como inimigo.
